A menor mulher do mundo é uma investigação em performance ensaiada pela primeira vez no Risco! Trata-se também de uma das ações-hipótese do projeto de pesquisa Educação como ______., que é uma pesquisa elaborada por mim e por Luana Andrade na qual partimos nos nossos lugares de artistas, professoras e pesquisadoras, para verificar a hipótese de que encontraremos, em práticas artísticas específicas que serão investigadas como Situações Pedagógicas, um modo de provocar uma mudança de perspectiva em ambos os campos de operação: artístico e educativo.
Esta pesquisa performativa é um exercício auto narrativo sobre a ideia de representação, e o jogo de escalas nela implicado, na feitura de uma arte acadêmica com foco no próprio Risco! Foi inicialmente inspirada nos relatos autobiográficos de Vera França, modelo vivo pernambucana radicada em São Paulo com mais de 60 anos de prática. Trata-se de um exercício de imaginação política que indaga os gestos sobre como as mulheres falam e agem sobre suas próprias representações.
A sessão celebra os 10 anos do grupo Risco! no qual atuo como gestora desde seu início.
Equipe. Produção e performance: Bruna Rafaella. Consultoria: Sebastião Soares. Transmissão: Ju Caldas. Contrarregra: Renata Caldas. Fotografia: Walton Ribeiro. Trilha ao vivo: Jonas Araújo. Iluminação: Leo Lacca. Registros em video: Marcus Joelby. Identidade Visual: Hana Luzia
Texto-Ato
Esperar, verbo feminino.
Como muitas de vocês, eu já fui uma mulher.
As vezes grande, as vezes transparente.
Certa vez observei uma mulher dizer ser importante sempre usar calcinha em bom estado de conservação. Pro caso de seu corpo ser encontrado, num acidente, por exemplo, e não ocasionar o vexame de uma renda rasgada.
Certa vez observei uma mulher elevar a coluna. Era um jogo de sedução com o Professor.
Certa vez observei uma mulher chorar copiosamente sentada no ônibus lotado.
Certa vez observei uma mulher saltar quase 15 metros de distância.
Murmuro a queda.
Preparo o coice.
Galopo no invisível.
