DÁ PA CUMÊ?
"Só a ANTROPOFAGIA nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente. Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz. Tupi, or not tupi that is the question. Contra todas as catequeses. E contra a mãe dos Gracos. Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago" (ANDRADE, 1928).
[...] "no canibalismo, o inimigo era devorado somente se exibisse qualidades especiais; para ser comido e não apenas morto, deveria ter atributos desejáveis como valentia na luta e coragem na derrota. Assim a degustação do inimigo possibilitaria a aquisição de suas qualidades através de sua destruição" (RESENDE, s.d).
Parafraseando Oswald de Andrade ao firmar que "só a antropofagia nos une", a performance intitulada "Pavê e Pacumê", cujo título satiriza a norma culta, é um convite à antropofagia, atentando para nossos posicionamentos enquanto mantenedores das tradições culturais.
Através da preocupação de como o fomento às tradições culturais no país estão sendo estruturados e ao mesmo tempo levando em consideração a importância da cultura e a arte/educação na construção dos sujeitos sociais, a performance oferece uma "deglutição" das experiência do outro, colocando a sabedoria das comunidades tradicionais e suas manifestações artisticas como importante colaborador na formação de consciências.
A performance se desenvolve inicialmente por meio de uma receita intitulada: "Vitamina de Conhecimento", que remete à alimentação como processo básico de sobrevivência humana. Fazendo uma metáfora entre a alimentação e a importância de estarmos refletindo cotidianamente sobre o papel transformador da arte/educação, do conhecimento das comunidades tradicionais e do ato de preservar manifestações populares. Por mais que uma receita tenha instruções gerais de como ser feita, cada indivíduo intervém ao seu modo no preparo.