Christina Machado, nascida em 1957 (Belém – Pará, Brasil) e radicada em Recife (1961) na região nordeste do Brasil, é artista plástica desde 1976, quando iniciou sua formação em ateliês de desenho e pintura. Formou-se em Educação Artística na Universidade Federal de Pernambuco em Licenciatura em Artes Plásticas (1979). Conhecendo a cerâmica na década de 1980 passa a dedicar-se exclusivamente ao desenvolvimento de técnicas de modelagem, desenho e pintura própria a essa matéria. Deriva dessas experimentações a criação de objetos, esculturas e painéis para interiores e exteriores onde a cerâmica integra-se também a projetos arquitetônicos e obras públicas. Simultaneamente a sua produção artística somou-se os pressupostos teóricos e as orientações adquiridas na formação universitária à pesquisa dentro da cerâmica que a fez desenvolver durante esses anos formas alternativas de trabalhar com a matéria, com a participação do público por meio de workshops, oficinas, cursos e vivências sensoriais.
Há aproximadamente vinte anos suas pesquisas experimentais com a argila e suas diversas possibilidades enquanto matéria estrutural da arte se fortaleceu no meio artístico da cidade do Recife, tendo reconhecimento nacional. Sua pesquisa principal insere a argila enquanto matéria de ricas e plurais possibilidades de pigmento, enquanto sua própria natureza, ou seja, origens, texturas e tonalidade diversas fazendo com que a argila participe como elemento essencial de todos os estágios de composição da obra resultando em novas técnicas de uso, assim como , novas experiências de trabalho no terreno da arte contemporânea.
Em 2003 integra um Coletivo de artistas e com ele ganha o edital público de pesquisa em artes plásticas com do 45o Salão de Artes Plásticas de Pernambuco. Esse coletivo se denominou Grupo Corgo que propõe no escopo do corpo da investigação uma pesquisa de campo marcada por viagens pelo interior de Pernambuco, conhecendo e reconhecendo cidades, indústrias, olarias e pessoas que se relacionam a produção de cerâmica de maneira geral. Essa investigação produziu um mapeamento do Estado de Pernambuco, nordeste do Brasil, das cidades, lugares, espaços sociais de sociabilidade e produção com o barro. Por meio dessa cartografia e desafiando as práticas mais ancestrais e artesanais às mais industriais e modernas o Corgo produziu um inventário poético que foi exibido publicamente na exposição do respectivo Salão.
A argila passa a ser então uma aliada na relação com a vida da artista, entra pela pele e estrutura sua poética. Nesse sentido também o aprofundamento da pesquisa abre espaço para que outros materiais surjam como forma de expressão passando a ser a natureza humana, a poética e foco principal de sua produção.
Lançando mão de novos suportes e propostas variadas para trabalhar temáticas ligadas ao corpo e ao universo feminino, passa a problematizar essas relações por meio da proximidade com sua própria intimidade. Assim num desdobramento de experiências a artista faz com que o público venha participar também da obra.
Nesta década de 2000, a artista produziu avassaladoramente e mostra seus trabalhos em diversos espaços expositivos formais e informais – espaços institucionais públicos, Galerias, Semana de Artes Visuais do Recife (SPA), ações em espaços públicos e no meio virtual.
Desde 1997 a artista abre diálogo entre o trabalho artístico e a educação – artista educadora – realizando oficinas, workshops, cursos e vivências com os mais diversos públicos. Desde 2008, Christina Machado atua como professora de cerâmica no curso livre em seu ateliê e em um projeto de formação continuada em Residência no Hospital Ulisses Pernambucano, na cidade do Recife, encerrado em 2013. Em 2012 realiza uma exposição individual na Galeria Janete Costa intitulada Minha Cabeça Nossa Natureza, com publicação de catálogo que entre outras experiências exibe resultados das experiências vividas durante a residência na Tamarineira-ateliê residência.
O conjunto de obras EU TU NÓS (sala expositiva da coletiva Arte Cerâmica Contemporânea, 2014) é o encontro de várias formas de expressões, em tempos diferentes, e que se juntam, dialogam, para um objetivo comum. Cada um desses trabalhos tem sua carga de conceito, e juntos se fortalecem trazendo o novo, fazendo o público vivenciar e interagir o drama existente na obra. Esse formato de exposição trouxe à tona a personagem Ella iniciando uma nova era para o áudio visual.
Em 2018 começa a trabalhar no roteiro de filme para um longa-metragem. Traz os personagens que já dialoga a duas décadas com a artista e o público criando uma trama entre documentário e ficção que envolvem questões na psicanálise, no invisível e a pura intuição como elementos fundantes na relação da artista com a criação da sua imagem em barro e carne e osso.