Baby-doll é uma pesquisa visual sobre Corpas construídas como mostruosas. Por meio da colagem digital, junto desenhos do zéc. XVII do livro De Monstris (1665) de Fortunio Liceti e selfies de meu rosto com filtros do instagram localizados pela palavras "Beautiful Make".
No séc. XVII, o corpo de minhas ancestrais era considerado pelos colonizadores como um corpo mostruoso, selvagem, primitivo, um corpo sem alma cristã e que, portanto, poderia ser escravizado. O livro de Liceti é revelador não só do interesse do colonizador por corpos exóticos, mas principalmente de sua imaginação narcisica e patológica a respeito de tudo aquilo que não é si próprio.
No séc. XIX, o aplicativo Instagram, produzido pelos atuais colonizadores, novamente quer determinar como meu corpo deve ser. A maioria dos filtros "Beautiful Make" que usei para fazer as selfies, afilaram meu rosto, principalmente nariz e queixo, e clarearam a minha pela. Para ser bonita, o instagram me diz que tenho que ter o rosto da branca.
Em ambas as situações é a branquitude que produz minha imagem conforme sua imaginação. O que fiz neste trabalho foi apenas juntar o tempo para tentar dar a ver a permanencia dessa lógica colonizadora de produção de imagens e de construção de subjetividades.