É permitido chorar

2018

Sem avisar, a performer chega e, delicadamente, chora por cerca de meia hora neste local onde as lágrimas são permitidas. Não há limite que separe a obra do visitante que, às vezes, junta-se à ação, seja para consolar a artista, conversar ou mesmo chorar ao seu lado. A instalação conta com uma peça transparente em forma de gota chamada depósito de lágrimas, onde são descartados os lenços utilizados na performance.O trabalho tem sido feito em locais de circulação como halls de galerias e museus, utilizando o mobiliário dos próprios espaços culturais como recurso mimético.

A performance/instalação É permitido chorar integrou a exposição Tramações 2 (Galeria Capibaribe), a Mostra Reperformar o Afeto (Natal - RN), o XI Congresso Internacional Sesc de Arte/Educação, a Exposição Risco Atelier Aberto (Museu Murillo La Greca), a Semana de Artes Cênicas UFPE, a Festival Internacional Cena Contemporânea (Espaço Cultural Renato Russo - Brasília). O trabalho fez parte de sua pesquisa de mestrado em Artes Visuais na UFPE.

Em tempos difíceis, sentimos tristeza a cada notícia de violência e de políticas repressoras. Parece que tentamos nos blindar diante de tantas atrocidades ocorridas na recente história do Brasil pós-golpe como forma de sobrevivência, de seguir a rotina. Tem-se a sensação de um choro coletivo sufocado, iminente. Esse foi um dos impulsos para a criação da performance/instalação É permitido chorar. Além de conceitualmente estar vinculada ao ato catártico do choro, a criação de É permitido chorar partiu da investigação direta da materialidade, que incluía dispositivos de comunicação como placas de aviso, geralmente proibitivas ou restritivas.

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