O projeto ninguém entende o peronismo foi estimulado e concebido em viagem. É o processo de inquietação de dois brasileiros que estavam passando um tempo na Argentina. A relação com o país foi marcada pela tentativa de compreender determinados signos que nos escapavam, ao mesmo tempo que os deixávamos escapar. Buenos Aires é muita coisa, dentre elas: a Plaza de Mayo, um grande mural de Eva Perón, bares, tangos e livros antigos em sebos da Avenida Corrientes. Lá, colecionamos informações, histórias e dados acerca de uma das coisas mais visíveis do país: o peronismo. Através de conversas e leituras, tentávamos responder a pergunta acerca do que é o peronismo, mas para isso não havia respostas. Assim, fizemos um desenho do rosto de Eva em nossa casa temporária. Esse processo foi controlado, mas artificial, porque não interagimos diretamente com a Argentina. Alguns dias mais tarde, decidimos fazer o mesmo desenho na Plaza de Mayo, e a Argentina se impôs. Assim como muitos se apropriam do peronismo, os pombos se apropriaram do desenho feito de milho. Uma performance animal que sintetizou nossas inquietações. Para nós, ficou a tentativa de compreensão através das imagens e a certeza de que sobre o peronismo seguimos com incertezas.
*Trabalho feito em parceria com Guilherme Benzaquen